Modernismo segundo Lafetá
O modernismo de 1922 assentava num projecto estético, isto é, centrava-se na alteração da linguagem tradicional. Tinha a necessidade de modernizar os procedimentos expressivos e consequentemente alteravam-se, também, os princípios da expressão literária. Para os modernistas de 22 não interessava mais a representação directa da natureza mas sim a sua representação como um objecto autónomo e de diversa qualidade.
Nesta época, a necessidade de modificar a linguagem era o tema central, no entanto, para ter consciência desta necessidade precisava-se de ter em consideração o projecto ideológico que assentava na visão do mundo e da realidade brasileira. Contudo, esta primeira fase do modernismo reconhece as más condições de vida do povo mas não assume a necessidade de uma revolução proletária. Isto quer dizer que esta nova linguagem encontrava-se disfarçada porque, apesar de terem sido implementados novos meios de expressão, oculta a realidade brasileira sendo uma linguagem optimista e tranquila não assumindo o subdesenvolvimento do Brasil.
O Brasil, nesta altura, assiste a uma ascensão da burguesia, a um desenvolvimento industrial, a um surto de imigração e à urbanização, sobretudo em São Paulo, permanecendo assim a política dos governadores e a política financeira proteccionista do café. Estas mudanças influenciaram os temas e os procedimentos da literatura moderna e os novos escritores e artistas do modernismo foram apoiados pelos burgueses detentores de grandes riquezas provindas do café. Este apoio pela parte dos burgueses constitui, segundo a tese de Lafetá, uma contradição na medida em que a arte moderna se encontra ligada a factores industriais mas, no entanto, é