O espaço romanesco em capitães da areia
RESUMO: Este artigo visa analisar o espaço romanesco da obra Capitães da Areia, de Jorge Amado, publicado em 1937, e que aborda a infância abandonada; meninos pobres que vivem de pequenos furtos. É um romance social, escrito em meio à turbulência política. O autor se vale do espaço para mostrar as injustiças sociais e o sentimento de abandono e discriminação sofrida pelos menores que, vivendo na Bahia representam os menores de todo o país.
PALAVRAS-CHAVE: Capitães da Areia. Jorge Amado. Espaço romanesco.
I- Literatura de 30 e a consciência do subdesenvolvimento
Jorge Amado começou a elaborar seus romances num momento conturbado da sociedade brasileira, a qual experimentava os primeiros efeitos das transformações desencadeadas pela Revolução de 30 e pela ascensão de Getúlio Vargas à presidência da República. Seus romances ainda hoje são estudados e lidos por milhares de pessoas tanto no Brasil quanto fora dele. Em 1930, o Brasil vivia um período histórico marcado por vários acontecimentos importantes e que acabaram refletindo na literatura; é o que afirma João Luiz Lafetá (1974, p. 17): “A consciência da luta de classes, embora de forma confusa, penetra em todos os lugares-- na literatura inclusive, e com uma profundidade que vai causar transformações importantes”. Ainda segundo Lafetá, o decênio de 30 é, no mundo todo, permeado pela luta ideológica. No caso do Brasil, o Partido Comunista começa a criar força; a Aliança Nacional Libertadora e a Ação Integralista começam a se organizar, e Getúlio aumenta seu populismo trabalhista. Toda essa situação política tem por resultado a preocupação direta com os problemas sociais, acarretando não só a produção de ensaios históricos e sociológicos, mas também a criação do romance de denúncia e a poesia militante e de combate. O que é