Mitos, emblemas e Sinais
A vulgata frequentemente é uma tradução muito literal, e este trecho foi muitas vezes mal compreendido. ‘Sapere’ foi entendido como algo intelectual (‘conhecer’) e ‘altum’, por outro lado, como ‘aquilo que esta no alto’. “É necessário temer as coisas futuras do que conhece-las” – escreveu Santo Ambrósio.
Esta condenação, acabou tornando-se uma censura contra a curiosidade intelectual, e embora claríssimas interpretações, sua má compreensão permaneceu. E mesmo com teólogos, como Pelágio e Erasmo, tentando corrigir esta má interpretação, não eram compreendidos.
Isto não causou só um lapso individual mas coletivo, e o fato foi certamente favorecido por fatores de ordem textual e linguística. E a interpretação da advertência contra o conhecimento ilícito das ‘coisas altas’ implica também elementos mais profundos.
Ao analisar a espécie humana os antropólogos perceberam que temos tendência a termos opostos como direita/esquerda, e o mais universal alto/baixo. Tudo isto é uma hipótese, mas é fato que cada civilização situou sua fonte de poder cósmico – Deus – nos céus, e ‘alteza’ profundamente ligado ao poder político.
Mas os limites do conhecimento humano foram derrubados, pois bata lembrar dos grandes avanços da astronomia no inicio do século XVI em diante. Certamente homens como Galileu ou Kepler não hesitaram em olhar para os céus, servindo-se também de instrumentos como telescópio. Os livros de emblemas, como se centravam em imagens, podiam transpor facilmente as fronteiras linguísticas. E sua circulação ultrapassou as fronteiras nacionais.
Ícaro e Prometeu, deuses caídos, tornaram-se durante o século XVI símbolos de forte impulso intelectual para as descobertas, a ‘ousadia’ e ‘curiosidade’ de