"Mississipi em Chamas"
Mesmo após a Guerra da Secessão e da abolição da escravidão o sul manteve seu olhar preconceituoso contra os negros, e o norte também carregava tal olhar. O filme Mississipi em Chamas (1988), um dos retratos mais poderosos sobre o racismo nos EUA, narra a investigação do desaparecimento de três jovens ativistas dos direitos civis, os quais tentavam conscientizar a população negra da comunidade do seu direito ao voto, no condado de Jessup, Mississipi em 1964.
A caracterização fiel do Mississipi realizada por Parker expõe uma sociedade que ainda engatinhava no conceito de direitos civis universais. A comunidade retratada possui um nível de segregação comparado ao apartheid sul-africano, onde restaurantes possuem lugares diferenciados para negros e brancos e estabelecimentos comerciais possuem em suas fachadas placas de não admitirem cachorros e negros em seu interior. A cena inicial do filme exemplifica bem essa separação, onde se vê dois bebedouros com placas indicando white (branco) e colored (de cor).
Essa cidade possui o sentimento de ódio tão impregnado naqueles que deveriam proteger o povo e suas garantias fundamentais, por exemplo, o juiz que absolve os incendiários e o prefeito altamente tolerante com os atos racistas, que inibe a ação de outros moradores brancos favoráveis à causa negra.
Em um momento do filme é realizada uma série de entrevistas com os cidadãos brancos, perguntando o que eles achavam sobre os negros. Uma mulher diz que eles “eram bem tratados, como tinham que ser”, afirma que eles fediam por não tomarem banho e ainda atesta sobre os negros não eram como eles (brancos). Isso mostra como os norte-americanos brancos se sentem como uma raça superior, pois eles se consideram o povo eleito, remetendo assim aos pais fundadores. Os negros são um fardo para a sua sociedade pura.
Mississipi em Chamas é um filme que mostra de uma forma realista a perseguição aos negros, e de certa forma