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Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
A obra tem por objeto o estudo do orientalismo, entendido como um conjunto de diversas realidades interdependentes, nas quais se destaca a construção acadêmica e doutrinária desenvolvida, precipuamente pelos povos ocidentais, em relação ao Oriente.
No primeiro capítulo, denominado “O âmbito do Orientalismo”, o autor disserta sobre o alcance do Orientalismo, trazendo a visão ocidental acerca do Oriente. Inicia seu relato voltando-se ao pensamento europeu durante o século XIX (e também nos primórdios do século XX). Primeiramente, através da exposição do discurso proferido por Arthur James Balfour à Câmara dos Comuns, no ano de 1910, denota a condição de superioridade auto-proclamada pela comunidade européia (essencialmente os ingleses) em detrimento às civilizações orientais – no caso descrito, os egípcios. Isto porque o Egito,conquanto colônia da Inglaterra, havia sido, durante os anos anteriores, administrativamente subordinado aos britânicos. As idéias de dominação intelectual advinham de uma linha de pensamento desenvolvida pelos próprios colonizadores, baseados em sua visão pessoal, e no convívio com os colonizados. Ao empreender contato com sua raça, cultura, tradições, história e caráter, e lançar juízos de valor, estabelecendo comparação com sua própriarealidade, terminavam por conceituar o oriental sob títulos por vezes degradante. Para o estudioso, o homem oriental era sempre contido e representado por estruturas dominantes. Destas estruturas, nasceram os juízos que compõemo conceito de orientalismo. Embora o autor saliente que se trata de conceito extremamente vago, é dele que derivam as noções do Oriente grafadas pelos manuais, livros e demais produções do Ocidente. Defende o autor, assim, que a acepção pela qual se divide o mundo em “oriente” e “ocidente”, embora resguardada sob inocente desígnio de mera