Miguel torga- Brinquedo
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Miguel Torga
Miguel Torga
Adolfo Correia da Rocha, que será conhecido sob o pseudónimo de Miguel
Torga.
Nasce a 12 de Agosto de 1907, em S.
Martinho da Anta, Vila Real.
Depois de uma pequena passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil.
De regresso a Portugal, a 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina.
Romancista, ensaísta, dramaturgo e autor de mais de 50 obras publicadas desde os
21 anos.
Morre a 17 de Janeiro de 1995.
Brinquedo
Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel
E o menino ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
Estrutura externa do poema
3 estrofes;
3 quadras;
Classifição de rima: quanto à posição: rima interpolada e rimas cruzadas; quanto à sonoridade: toante; quanto ao valor: rica-pobre; escanção: sílabas métricas irregulares
Estrutura interna do poema
Neste poema, o sujeito poético narra um sonho “Uma grande estrela de papel/ um cordel/ e um menino de bibe”.
Na segunda quadra estamos perante um sonho dentro de um sonho que, desde logo, se assume pelo gesto do menino em lançar a estrela de papel.
Na terceira quadra a estrela transforma-se numa estrela verdadeira, visto que o sonho é capaz de operar qualquer transfiguração.
A sua atitude final de cortar o cordel, implica que o menino já tinha concluído o pretendido, a ilusão já fora semeada e o resultado conseguido. Neste poema verifica-se o seu regresso à infância, pois relata o sonho de ser uma estrela, ou seja, um poeta conhecido.No momento em que corta o cordel esse sonho concretiza-se.
Recursos expressivos
Metáfora
Dupla adjetivação
Anáfora