Miguel Torga
Foi um sonho que tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
A
B
B
C
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ía subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
D
E
D
E
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel,
E o menino ao vê- la assim, sorriu
E cortou- lhe o cordel.
F
G
F
G
Neste texto o sujeito poético fala de um sonho sobre um menino, sendo este sonho uma memória e o menino ele próprio. A estrela é uma metáfora para uma ideia ou sonho que o escritor tinha, e o desenvolver da ideia e descrito metaforicamente ao longo do poema.
Na segunda estrofe o menino lança a estrela, ou seja inicia a realização do seu sonho.
Na terceira estrofe a estrela torna-se nume estrela verdadeira, ou seja o sonho do rapaz concretizou-se.
O rapaz corta assim o cordel pois a sua intenção já se concluiu.
Este poema retrata um regresso À infância da parte do poeta, revelando um sentimento de saudade e ternura em relação às suas vivências nessa idade.
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São
Martinho de Anta, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de
Janeiro de 1995) foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.