Midrash
Texto produzido pelos membros do Grupo Beit Midrash sob orientação da Profa. Aíla L. Pinheiro de Andrade, nj.
A profecia foi se extinguindo pouco a pouco em Israel. O texto de 1Mac 9:27 testemunha que já havia transcorrido muito tempo “desde os dias em que tinham desaparecido os profetas”. O livro de Malaquias, último dos profetas, foi escrito próximo a 445 aC, muito tempo desde então até 164 aC com os Macabeus. Para essa situação se usava a expressão “céus fechados”.
1. Céus fechados: “fim” dos profetas e início dos sábios (mestres ou rabis)
As profecias, durante o exílio e logo depois dele, prometiam que Israel se tornaria um império mundial (Is 60:5-12; Zc 14:14), mas a continuação da dominação estrangeira trouxe grande desconfiança em relação às promessas de sucesso político para Israel. Essa decepção com as profecias foi cunhada sob a expressão “céus fechados”. Dizer que os céus estavam “fechados” significava viver em tempos de perplexidade e desorientação. A situação era grave porque parecia não haver mais possibilidade de história para Israel, porquanto o povo estava sem a orientação de Deus. Mas o contato com sábios mesopotâmicos e persas tinha despertado os exilados de Judá para a reflexão sistematizada. Eles perceberam que precisavam entender o que Deus já tinha dito e evitar novas profecias que poderiam levar a uma crise de fé.
Então a profecia foi cedendo lugar à sabedoria. Esta, diferente daquela, compreendeu-se como resultado da reflexão humana, do exercício da inteligência iluminada por Deus. Findaram os profetas, começaram os sábios. Há um dito judaico מנביא עדיף חכם (chakham 'adif menavi', melhor o sábio que o profeta). “Houve profetas profetizando pelo Espírito Santo; mas, desde então, inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos sábios” (Sêder Olam Rabah 86).
O fim dos oráculos deu início à reflexão sobre a produção literária anterior e também sobre algumas tradições que não tinham sido escritas ainda. Contudo