michel chion
Mais de vinte obras sobre as relações audiovisuais. Um intenso casamento entre som e imagem. O que se vê na obra de Michel Chion é uma reflexão sobre o som e a imagem em suas diferentes dinâmicas filosófica, psicológica, semiótica e linguística. Chion é não apenas um compositor, diretor ou escritor, mas também pesquisador e jornalista crítico, ensaísta e professor: porem, nenhuma destas o definem, graças à surpresa de sua bagagem admirável, influenciada em parte por ideias de Pierre Schaeffer e Merleau-Ponty. Chion propõe a audio-visão como um contrato: há uma harmonia sistemática entre o valor agregado das determinadas percepções nas experiências, sem que nenhuma delas seja superior a outra. Os movimentos visuais podem ser marcados ou iludidos pelo som. Chion cita o exemplo das cenas do filme Kung Fu, em que elas tornar-se-iam confusas, não fosse o som de silvos, gritos, choques e zunidos. As pesquisas de Chion incitaram a criação da palavra audiovisiogênico: instauração de espaço e temporalidade através da relação entre som e imagem. Aquilo que escapa ao domínio puramente visual ou sonoro, o que acaba por ser a experiência trans-sensorial, semelhante à teoria da percepção de Merleau-Ponty. Entre tais experiências e observações, há a preocupação com o momento de inserção dos planos sonoros – fala, ruídos e música. Para Chion existem zonas de intersecção e temporalidade para cada uma das estruturas, sem que percam as características originais e a continuidade sincronizada à imagem. Posições ideológicas e estéticas são traduzidas a cada filme nas montagens audíveis e inaudíveis e pistas sonoras. Chion em análise a Godard, atribui a qualidade “descontinuidade desmistificadora”. Na maioria dos filmes há apenas 2 pistas sonoras, e portanto bem mais imagens do que sons. “[...] Por conseguinte, com os seus filmes, estamos nas condições mais francas e mais radicais para apreender o que poderia ser um plano de som.” (CHION, 2008, pp.40) Os planos sonoros