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Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na quinta-feira indica que as populações mais pobres são as que mais sofrem com o desemprego. Não obstante ter sido constatada uma queda na taxa de desocupados entre 2005 e 2010, a situação se deu de forma inversa entre os trabalhadores de baixa qualificação. Para o professor Newton Marques, em entrevista à Agência Brasil, a rotatividade é fruto de uma abundância de mão de obra de formação deficiente no mercado de trabalho. Com isso, as empresas podem despedir e substituir empregados com mais facilidade.
Esse cenário ameaça os planos do país de atingir o patamar de quinta maior economia do mundo em breve. Além de não conseguir chegar a uma produtividade maior, a economia não gera oportunidades de geração de emprego e renda, meio mais eficaz para reduzir desigualdades sociais, na visão do especialista. Para que se tenha uma noção do abismo em termos de empregabilidade, a diferença nos índices de desemprego entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres passou de 11 vezes em 2005 para 37 vezes em 2010.
É certo que o Brasil precisa urgentemente melhorar seu ensino técnico. Os ciclos fundamentais e médios não têm sido capazes de contribuir para que os alunos possam disputar um posto de trabalho com o mínimo de condições. Isso não significa optar pela educação profissional ou por aquela de conteúdo científico. Quem vai estudar mecânica, por exemplo, precisa tanto de matemática quanto de português. O ideal é qualificar ambas e integrá-las, algo que não está sendo feito hoje em dia. Não se atinge o básico de ler, interpretar e realizar operações abstratas nem se consegue aprender um ofício produtivo.
Os números mostram: é preciso agir para melhorar a capacitação dos brasileiros. Principalmente dos que estão na base da pirâmide social.