Meu mundo
Pretende-se aqui avaliar os fundamentos das estratégias de enfrentamento da pobreza, de combate à fome e à miséria (a exemplo das propostas do Banco Mundial, do FMI, e as políticas desenvolvidas nos governos FHC e Lula), como políticas compensatórias que nada alteram os fundamentos da desigualdade social, fundada na contradição capital-trabalho, na exploração da força de trabalho, na acumulação e centralização do capital que num contexto de crise se vê acirrada. Para tanto precisamos de uma caracterização crítica de pobreza no capitalismo.
Pobreza e “questão social”: uma análise histórico-crítica.
Para se fazer uma análise sobre a pobreza e sobre a “questão social “ exige a superação das concepções anteriormente descritas e comentadas. Pretendemos fazer isto apresentando alguns fundamentos para uma caracterização histórico-crítica da pobreza e da “questão social” na sociedade capitalista. Mas por que pensar a pobreza na sociedade capitalista, se em toda sociedade de classes sempre houve pobreza e desigualdade? Será que este fenômeno apresenta alguma característica central no modo de produção capitalista (MPC) diferente de outros sistemas sociais? Será que o capitalismo gera uma pobreza que se funda em bases diferentes de outras sociedades? Numa sociedade de escassez ou carências onde a produção é insuficiente para satisfazer as necessidades de toda a população, a distribuição equitativa dos bens existentes faria com que toda a produção fosse consumida sem sobrar um excedente. Nas sociedades de escassez, portanto, a desigualdade de classes (a desigual distribuição da riqueza socialmente existente) é que permitiria o acúmulo de riqueza de alguns e o empobrecimento de outros, permitindo que o excedente acumulado nas mãos de uns possa ser investido no crescimento produtivo. A desigualdade, em contexto de escassez, é vista pelos liberais como necessária ao crescimento e ao