Metropole e expansao urbana
O objetivo primeiro deste artigo é analisar a simultaneidade do processo de urbanização e de concentração da população urbana nos grandes aglomerados metropolitanos na segunda metade do século passado no Brasil. Como decorrência, também será estudado o processo de redistribuição da população dentro dos aglomerados na perspectiva da metropolização da pobreza, tendo como referência a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A grande expansão urbana no Brasil é relativamente recente. Seu início articula-se com um conjunto de mudanças estruturais na economia e na sociedade brasileira a partir da década de 30 do século 20, mas somente em 1970 os dados censitários revelaram uma população urbana superior à rural.
Isso não quer dizer que as cidades já não fizessem parte da paisagem social do país desde os períodos da colônia e do Império, apesar de suas restritas dimensões demográficas. Na República Velha (1889/1930), com a grande expansão da economia cafeeira, e com o primeiro e expressivo surto de industrialização, ampliaram-se as relações mercantis entre as diferentes regiões brasileiras - até então, meros arquipélagos regionais - e começaram a se intensificar as migrações, principalmente as internacionais. Estas, fortemente financiadas pelo Estado, impunham limites à expansão dos deslocamentos populacionais internos - que começavam a dirigir-se, prioritariamente, para os Estados onde a economia mais se expandia, ou seja, São Paulo e Rio de Janeiro.
Esses arquipélagos regionais, fundamentalmente articulados em torno das atividades agrícolas, mantinham um sistema de cidades polarizadas, geralmente, pelas capitais dos Estados. A população urbana distribuía-se pelos diferentes sistemas regionais de cidades, fundamentalmente litorâneos e fortemente concentrados na região Sudeste. Somente então, a partir da República Velha, é que esses arquipélagos regionais começaram a articular-se, nacionalmente, dentro de um processo de integração mercantil comandado pelo