Metafísica do Amor
Die ihr's ersinnt und wi|it, Wie, wo und wann sich Alies paart? Warum sich's liebt und küpt? Ihr hohen
Weisen, sagt mir's an! Ergrübelt, was mir da, Ergrübelt mir, wo, wie und wann, Warum mir só geschah?*
Bürger
Habituamo-nos a ver os poetas ocupados principalmente com a descrição do amor entre os sexos.
Este é, via de regra, o tema capital de todas as obras dramáticas, sejam elas trágicas ou cómicas, românticas ou clássicas, indianas ou europeias: é também, em larga escala, a matéria da maior parte da poesia lírica, assim como da épica; se poderia ainda acrescentar a esta o grande número dos romances que, há séculos, em todos os países civilizados da Europa, se produzem a cada ano tão regularmente como os frutos do solo.
Todas essas obras, quanto a seu conteúdo substancial, são apenas descrições multifacetadas, sucintas ou extensas, da paixão da qual falamos. As mais bem sucedidas entre elas, como por exemplo Romeu ejulieta, a Nova Heloísa, o Werther, alcançaram fama imortal.
Não obstante, se Rochefoucauld opina que o amor
* N. do T.: Vós, sábios de alta e profunda erudição,/ Que meditais e sabeis,/ Como, onde e quando tudo se une./ Por que os amores e os beijos?/ Vós, supremos sábios, dizei-me!/ Revelai-me o que sinto./ Revelai-me onde, como e quando,/ Por que tudo isso me aconteceu?
- Arthur Scbopenbauer-
.Metafísica do amor-
apaixonado é como os fantasmas, dos quais toda gente fala mas que ninguém viu e, se do mesmo modo
Lichtenberg, em seu ensaio Sobre o poder do amor, contesta e nega a realidade e a conformidade à natureza dessa paixão, ambos cometem porém um grande erro. Pois é impossível que algo estranho à natureza humana e a ela contraditório, portanto uma caricatura apanhada no ar, pudesse ter sido exposto incansavelmente em todos os tempos pelo génio poético e acolhido com interesse inalterável pela humanidade; pois, sem verdade, não pode haver belo artístico:
mortibus illi