Mestre
O CONSTRUTIVISMO DE KELLY
A Psicologia dos Construtos Pessoais, de George Kelly (1963), tem duas noções básicas como pontos de partida e uma posição filosófica subjacente. As duas noções são (p.
3): "primeira, que o ser humano poderia ser melhor entendido se fosse visto na perspectiva dos séculos, não na luz bruxuleante de momentos passageiros; segunda, que cada indivíduo contempla a sua maneira o fluxo de eventos no qual se vê tão rapidamente carregado". A posição filosófica é o alternativismo construtivo (p. 15): "todas nossas interpretações do universo estão sujeitas à revisão ou substituição".
O homem cientista
A idéia de ver o homem em uma perspectiva de longo alcance leva Kelly a vê-lo como o "homem-cientista" porque, segundo ele, grande parte do progresso humano é atribuído ao que se deu o nome de ciência. A noção de "homem-cientista" é uma abstração aplicável à raça humana, não uma classificação concreta de alguns homens em particular (p. 4). Para Kelly, o progresso do homem ao longo dos séculos não ocorreu em função de suas necessidades básicas tipo comida, abrigo ou sexo, mas de sua permanente tentativa de prever e controlar o fluxo de eventos no qual está envolvido. A noção de que cada indivíduo contempla a sua maneira esse fluxo de eventos é compatível com a idéia de prever e controlar, permitindo levar adiante a metáfora do "homem-cientista" pois diferentes pontos de vista pessoais corresponderiam a distintos referenciais teóricos de diferentes cientistas.
Alternativismo construtivo
A noção de alternativismo construtivo requer um esclarecimento sobre o universo de
Kelly (p. 6 e 7): (1) o universo está realmente existindo e o homem está gradualmente compreendendo-o; (2) o universo é integral; (3) o universo pode ser medido ao longo de uma dimensão temporal.
A primeira destas suposições deixa claro que Kelly está falando de um mundo real, não de um mundo constituído apenas pelo pensamento das pessoas. Ele acredita que os