mercado do técnico em farmacia
Permanecer na farmácia durante todo o horário de funcionamento é de responsabilidade do farmacêutico, determina a legislação. Mas o técnico, em casos especiais, também pode estar à frente do estabelecimento? Qual é o limite de um profissional de nível técnico em uma área que ainda é palco de disputas entre os que defendem a produção e comercialização de medicamentos sob a ótica da saúde e os que estão ao lado da lógica do mercado? Questões como essas podem parecer novas, mas, na verdade, acompanham os profissionais de farmácia desde o século XIX, quando se iniciou o processo de institucionalização da área no Brasil.
A história da farmácia está diretamente ligada à preparação de remédios. Quem dominava essa técnica até meados do século XIX era visto como detentor do conhecimento para curar. A atividade era, de certa forma, encarada como magia. A cena dos práticos de botica diagnosticando o problema do paciente, prescrevendo o tratamento e vendendo seus próprios produtos era comum. A formação desse profissional dava-se na prática, dentro da botica, uma espécie de loja de drogas feitas de plantas e que atendia a população em geral. Após receberem as aulas práticas, os candidatos a boticários se submetiam a exames perante os comissários da Fisicaturamor, órgão do governo responsável pela regulamentação e fiscalização das atividades terapêuticas. No dia-a-dia, no entanto, as funções não eram lá muito definidas. “Muitas vezes, as boticas e os boticários prestavam assistência aos doentes, e os médicos, por sua vez, também formulavam medicamentos. A falta de delimitação entre os ofícios na prática cotidiana provocava tensões”, conta Verônica Velloso, doutora em história que acaba de defender a tese ‘Farmácia na Corte Imperial (1851-1887): práticas e saberes’. Entre os séculos XIX e XX, o posto ocupado pelo boticário foi perdendo espaço. Com a reforma do ensino médico no Brasil, de 1832, o curso farmacêutico de nível superior nasceu, vinculado,