menores infratores
Maria Augusta Ramos arrumou uma solução formidável para fazer seu filme sobre o julgamento de menores de idade infratores: como o juizado não deixa que se revelem rostos e nomes de menores que cometeram crimes, a diretora escalou adolescentes não-infratores para representar personagens reais que não poderiam aparecer. A cineasta elege um “outro” em seu documentário para fazer a representação de um personagem real. O fato dos garotos não-atores viverem em condições similares aos garotos reais não quer dizer muita coisa: a força está justamente nessa necessidade em ter de ficcionalizar para fazer um documentário.
É nesse cruzamento que acontece a inversão mais interessante do filme. O promotor, a juíza, o defensor, os pais dos garotos que, digamos, “não interpretam” têm uma performance exaustiva (no caso da juíza, até mesmo espalhafatosa), ao passo que os garotos parecem um tanto quanto constrangidos com a exigência de encenação. Eles estão muito menos preocupados com os efeitos de autenticidade do que os personagens reais de Juízo. Deve ser interessante assistir este filme sem o aviso prévio da estratégia da diretora. Naturalmente poderia se ver frieza, calculismo e indiferença em alguns dos jovens, que conseguem trazer a autenticidade que Bresson acreditava que somente os não-atores podem impingir aos papéis.
Pra falar de Juízo o melhor não parece ser a