Memória e identidade cultural quilombola
RESUMO O objetivo deste Artigo é voltar o olhar para a memória e identidade quilombola a partir da interferência e convívio com a sociedade. Para tanto recorro a conceituados autores, historiadores e sociólogos que em seus estudos abordaram a questão da memória individual e coletiva. A construção da memória é um processo dinâmico e flutuante, e é formada com a interação de diferentes sujeitos. Há uma permanente interação entre o vivido e o aprendido, o vivido e o transmitido, conforme Pollack defende. Considerando o processo interativo da construção da memória, faço uso da Ação Comunicativa de Habermas na busca do enquadramento da memória coletiva da Comunidade Quilombola Kalunga. Palavras-chave: Kalunga, Quilombola, Memória, Identidade, Modernidade. INTRODUÇÃO Conforme estudos antropológicos da Dra. Mari Baiocchi, o negro, no estado de Goiás, por longos anos, sobreviveu em uma situação de silêncio e esquecimento como se “houvesse a necessidade de apagá-los da história da terra”. (Baiocchi, 1983). Somente a partir de 1900, alguns estudiosos se debruçaram sobre o tema, tais como: Arthur Ramos, Gilberto Freyre, Donald Pierson, Roger Bastide, Pierre Verger, Oracy Nogueira, Zoroastro Artiaga, entre outros. Na década de 70 o tema começou a ser abordado no âmbito acadêmico e atualmente existe uma grande quantidade de pesquisas e estudos sobe a temática negra, além da preocupação de preservar a memória e identidade afro-brasileira. A Comunidade Kalunga, localizada no norte do estado de Goiás, situada entre os municípios de Teresina, Cavalcante e Monte Alegre, viveu isolada, por muitos anos, mantendo seus costumes e tradições. Antigamente, na situação de isolamento em que viviam, toda a cultura e tradição