Memorial
Centro de Letras e Artes – CLA / Licenciatura em Teatro
Encenação – Professora Carmela Soares
Memorial reflexivo/artístico/analítico/crítico sobre o processo de Encenação do espetáculo “Enquanto ela não vem”
Do Grupo Teatral Renascer
por
Bruno Paiva
2013.2
“Enquanto ela não vêm” é a prova viva da poesia presente nas marcas do tempo. Marcas físicas, emocionais, marcas invisíveis ao olhos, marcas sensoriais, sorrisos que só o tempo é capaz de sorrir. Muito é pouco para o impacto artístico que emana de um corpo apreciado e construído pelos anos. Anos de utilidades que permanecem, modificam, voltam, param, voltam, permanecem. Atentar-se para a pré-expressividade. Como pensar a comemoração para alguém ou quem sabe algo? Aqui. Buscar. Que relações? Sensíveis, concretas, simples, além do olhar. Após a fala. Deter o fluxo. Onde? Servir ao poder da presença. Neutralidade. Respeito. Estado de atenção! Cuidado, carinho, afeto. Memória em pó por todos os cantos. Barulhos. Duelos. Incompatibilidades. Fluxo interrompido e mesmo assim permanecer. Lembranças como poeira sobre a mobília. Traçar um percurso da falha e ainda assim acertar. Observar. Esperar. Figuras lindas de algum tempo outro. Um outro (ponto) lugar. Falar da própria condição. Mais uma vez como. Crias pontes entre algo muito maior que nós e os convidados desse terreno fértil sem dúvida. Mais uma vez ali. Memória. Criação. Sentar-se a velha cadeira. Esfarelar toda memória. A matéria abandonada aos poucos. O que resta de mim? De alguém? De nós? Sobrar e ainda assim deter o que lhe resta de presença. Permitir um fluxo outro. Sinto falta das mãos como quando sobre o rosto. Senti-las. Ainda não mencionadas as marcas de expressão. Um dia talvez resta muito pouco a esperar que reste ainda menos muito menos a esperar. Ninguém então. Exceto ela mesma, não se sabe muito bem. As cortinas finais. Agora não. Lembrar do