Memorial do convento
Blimunda de Jesus – uma mulher do povo, a quem o padre Bartolomeu Lourenço, batiza de “sete-Luas”. Vive um amor apaixonado, franco e leal com Baltasar. Tem o dom de, em jejum, ver o interior das pessoas e das coisas, o que lhe permite recolher as duas mil “vontades” indispensável para a “passarola” voar. Os seus olhos são evidenciados, por diversas vezes.Detentora de grande densidade psicológica e de uma perseverança sem limites. Esta figura representa a força que permite ao povo a sua sobrevivência, assim como contestar o poder e resistir.
Balasar - É um mutilado da guerra que, no início da obra, é apresentado como um homem rude, um marginal, capaz de matar, mas a partir do momento que conhece Blimunda, num auto de fé, no Rossio, transforma-se por amor. Baltasar Sete-Sóis vai ter um papel fundamental na consecução do projeto do padre Bartolomeu. Será ele que o vai materializar, que vai transformar o sonho em realidade e essa tarefa acabará por lhe restituir a sua grandeza humana, abalada com a perda da mão esquerda, dando-lhe uma nova dimensão divina.
D. João V – Rei de Portugal de 1706 a 1750, desempenha o papel de monarca de setecentos que quer deixar como marca do seu reinado uma obra grandiosa e magnificente - o Convento de Mafra. Este é construído sob o pretexto de que cumpre uma promessa feita ao clero, classe que "santifica" e justifica o seu poder. De caráter vaidoso, magnificente e megalómano pretende deixar uma obra que ateste a grandeza da sua riqueza e do seu poder, ainda que para tal se tenha de sacrificar o povo. É um “marido leviano”, cuja relação com a rainha se pauta, essencialmente, pelo cumprimento de deveres reais e conjugais. A caracterização do rei é feita predominantemente através da descrição das suas ações e dos seus pensamentos – de modo indireto.
D. Maria Ana Josefa – oriunda da Áustria, a rainha revela-se extremamente devota e submissa, cujo papel se resume basicamente a dar herdeiros ao rei… É uma mulher