Memorial do Convento

APRECIAÇÃO CRÍTICA – MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

O Memorial do Convento de José Saramago, publicado em 1982, é uma obra que apresenta uma crítica cheia de ironia e sarcasmo à magnificência do rei D. João V e de alguns nobres por oposição à extrema pobreza do povo.
O romance de José Saramago faz uma crítica ao Portugal do século XVIII que, apesar de ser um país rico permite que o seu povo viva, sobreviva, em condições sobre-humanas. O povo da época foi sujeito à miséria, fome e exploração. É, então, de referir, que o autor Saramago utiliza como suas personagens a corte que representa o requinte da sociedade e o povo que representa a pobreza extrema.
Memorial do Convento tem como pano de fundo a construção do mediático Convento de Mafra. É de referir que esta obra está inserida entre a ficção e a história do nosso país. Há elementos históricos que são moldados de acordo com a ideia de Saramago.
Através da leitura atenta do romance é de fácil entendimento que o mesmo nos mostra que o governo de D. João V se caraterizou pelos gastos exagerados, pelas suas imensas construções (como o caso do Convento de Mafra), pela sua vaidade e exuberância e pela miséria que provocava na classe da vida popular.
José Saramago consegue mostrar nesta obra a sua visão crítica acerca dos excessos que aconteciam naquela época. Há várias reflexões sobre a justiça e também sobre o sonho.
O que mais me impressionou na narrativa foi o feito que Saramago conseguiu ao recriar, contar a história dos operários que trabalharam no Convento em Mafra. Encontrou uma forma de os nomear e, assim, registar a luta daqueles homens que tanto se sacrificaram em nome da sua honradez. O Convento de Mafra torna-se num marco histórico e através desta obra é visto o lado menos positivo da sua construção.
É notória a caricatura feita à sociedade portuguesa daquela época. Nos assuntos religiosos é mostrada bastante frontalidade em relação à Inquisição. O povo português daquele período era