melodrama
Diversos autores afirmam que o film noir nunca existiu. Se você perguntar pra qualquer cinéfilo a definição de noir, ele vai dizer: “Aqueles policiais dos anos 1940 com luz expressionista, narrados em off, com uma loira fatal e um detetive durão ou um trouxa, cheio de violência e erotismo.” E assim, temos o conceito de noir.
A História de um termo
Durante o surgimento do que seria o “gênero” noir, em algum ponto entre o início dos anos 1940 e meados dos anos 1950, nem indústria, nem crítica, nem público jamais utilizaram o termo. Foram os franceses os seus criadores, e não os americanos. Corria o pós-guerra. Privados de cinema hollywoodiano durante a ocupação, os franceses viram-se diante de uma nova leva de filmes que incluía:
- Relíquia macabra (John Huston, 1941)
- Laura (Otto Preminger, 1944)
- Até a vista, querida (Edward Dmytryk, 1943)
- Pacto de sangue (Billy Wilder, 1944)
- Um retrato de mulher (Fritz Lang, 1944).
- Alma torturada (Frank Tuttle, 1942)
- Assassinos (RobertSiodmak, 1946)
- A dama do lago (Robert Montgomery, 1947)
- Gilda (Charles Vidor, 1946)
- À beira do abismo (Howard Hawks, 1946).
Então, em 1946, o crítico e cineasta Nino Frank cunhou o rótulo noir, em alusão à “Série-Noire” - coleção editada na França contendo obras da literatura “hard-boiled” (base para a maioria desses filmes).
É preciso reconhecer, portanto, que o noir como gênero nunca existiu: sua criação foi retrospectiva. Sua construção deu-se em duas etapas: a americana sucedeu à francesa. Esta se inaugurou somente ao final dos anos 1960, com o capítulo “Black cinema” do livro “Hollywood in the forties”, de Charles Higham e Joel Greenberg, de 1968.
Orgulhosa do elogio europeu a Hollywood, a crítica americana acolheu o termo com generosidade. Preparava-se desse modo a ambiência para o revival noir, que surgiria em meados dos anos 1970. Em resposta a recepção crítica e cinefílica ao termo, os grandes estúdios se apropriaram dele para produzir filmes