O melodrama e o drama romântico
O melodrama como gênero teatral teve seu auge na França em princípios do século XIX (ainda que a palavra tenha nascido na Itália do século XVII), segundo Jean
Marie Thomasseau em seu livro “O melodrama”, e sua fórmula acessível e de fácil compreensão supria os gostos estéticos de todas as camadas da população, desde a burguesia até a classe inculta. Pixerécourt, considerado o pai do gênero e autor de cerca 120 peças, afirmava, por exemplo, que escrevia seus melodramas para aqueles
“que não sabiam ler”. E ainda: “O melodrama será sempre um meio de instrução para o povo, porque ao menos este gênero está a seu alcance.” Daí também o caráter profundamente moralista do gênero, no melhor estilo “a virtude nunca fica sem recompensa e o crime jamais fica sem castigo.” (ainda citando Pixerécourt).
O termo “melodrama” foi criado, portanto, para classificar o gênero teatral que utilizava a música como efeito dramático para preparar e sustentar a atmosfera da peça. Assim tínhamos uma música característica para a entrada e a saída de cena de cada um dos personagens, tornando desse modo a sua personalidade facilmente identificável – tendo-se em vista que o gênero trabalhava basicamente com estereótipos. A organização da trama do melodrama clássico se apoiava em concepções dramáticas recorrentes, e por isso mesmo, de certo modo simples de se analisar. Podese compreender a base do enredo através do seguinte esquema de Paul Ginisty: “O primeiro ato consagrado ao amor, o segundo à infelicidade, o terceiro ao triunfo da virtude”. Ou ainda como observou um crítico do período: “O melodrama tem por base o triunfo da inocência oprimida, a punição do crime e da tirania: a diferença encontrase nos meios que levam a este triunfo e a esta punição”.
O uso de monólogos era um recurso amplamente utilizado. Tanto como meio de apresentar aos espectadores a intriga inicial da peça, como quando uma situação mais emaranhada ao longo dos atos