medicina no governo militar
No período da ditadura, apesar da repressão, havia uma grande ebulição cultural. Não se tinha ainda acúmulo de conhecimentos, em particular na área da Saúde Coletiva para a construção de um novo Sistema de saúde. Ainda estávamos numa fase diagnóstica, muito voltada para a denúncia das condições de vida e de trabalho do povo brasileiro; de como estas condições tinham conseqüências em termos de padrões de morbidade e mortalidade; de como o sistema de saúde estava organizado.
Havia uma preocupação muito grande com as dimensões econômicas, sociais e políticas da sociedade e suas repercussões na vida das pessoas. Naquele momento, a literatura era predominantemente marxista (os clássicos e os contemporâneos). Na Epidemiologia também se abria o caminho de uma Epidemiologia Social.
Foi uma época muito rica. Um privilégio para quem estudava medicina naquele momento. Havia uma grande profusão de idéias que circulavam. Teve a oportunidade de assistir a debates sobre autores marxistas, mas, também, com outras perspectivas de pensamento, uma coisa que contribuiu muito para a formação foi o fato de existirem pessoas das mais diversificadas correntes de pensamento nessa época, e era essa a riqueza, a diversidade; mesmo que a maioria fosse de orientação marxista, existiam leituras diversificadas da realidade.
Havia um grupo que achava que a residência em Medicina Social era uma instrumentalização ideológica dos comunistas dentro da universidade e que se prestava para formar médicos comunistas. Na época da ditadura, palavras como "comunitário", "social", entre outras desse gênero, ganhavam outro tipo de conotação. Comunitário era interpretado como comunista. E sofreram-se muitas pressões em função deste contexto muito restritivo da época da ditadura. Foi necessário mudar inclusive o nome da residência para Medicina Geral Comunitária, para se adequar às diretrizes do INAMPS.
A relação entre as forças