Mediações e Linguagens
“ O mito de Narciso é lembrado no Ocidente por muitos autores que a ele se referem para falar dessa paixão por si mesmo, que recebeu o nome de narcisismo. Outros autores evocam o mito grego para mostrar como as imagens podem ser enganosas, iludindo nossos sentidos. O sociólogo canadense Marshall McLuhan interpretou o mito de forma diferente: sustentou que Narciso não pensava ser de outra pessoa a imagem que avistou no lago, mas, ao contrário, apaixonou-se pelo seu reflexo justamente por considerá-lo uma extensão de si mesmo.” (327) “ A imagem é um veículo que tanto pode dirigir a percepção humana para o interior de si mesmo, para sua subjetividade(...), como pode dirigi-la para fora de si, para a realidade ou em direção ao outro.” (327) “ A imagem da criança e o reflexo do belo jovem são signos pelos quais nos comunicamos com nossa própria interioridade ou com o outro, com quem nos relacionamos. O ser humano experimenta esses dois movimentos: um em direção ao interior e outro para fora de si mesmo. Qualquer um deles depende de signos capazes de conduzir esse percurso, fazendo dessa experiência uma relação mediada.” (327) “ A vida de um ser humano envolve esse contínuo movimento, em direção ao interior e ao exterior, mediado por signos que, por um lado, nos aproximam daquilo que querem representar (referente), tornando-o presente. Mas, por outro, nos afastam de seu referente, substituindo-o.” (328) “ Esse é um dos processos fundamentais da criação da cultura. A cultura corresponde àquilo que nos nos separa de um estado de natureza animal e que se constitui em formas de pensar, sentir e produzir criadas pelo grupo social em substituição a um comportamento instintivo, genético e intuitivo para o qual fomos inicialmente dotados. A cultura humana constitui-se, assim, numa primeira forma de distanciamento