Matheus
Usina, a história da Santa Rosa arrancado de suas bases, espatifado, com máquinas de fábrica, com ferramentas enormes, com moedas gigantes devorando a cana madura que suas terras fizeram acamar pelas várzeas. Carlos de Melo, Ricardo e Santa Rosa acabam tendo o mesmo destino, estão tão, intimamente, ligados que a vida de um tem muito da vida do outro. Uma grande melancolia os envolve de sombras. Carlinhos foge, Ricardo morre e o Santa Rosa perde até o nome, se escraviza.
Resumo do livro
Primeira parte - o retorno
Ricardo estava ali naquele barco de segunda classe do trem da Paraíba. Há anos vinha ele do engenho, num trem como aquele, menino quase, de coração cheio das saudades da mãe e dos irmãos. Anos se passam em sua vida, e agora o negrinho de outrora voltava murcho, como se um bicho qualquer tivesse chupado tudo o que ele tivesse de seiva. Recordando em um instante histórias que tinha vivido, sofrido.
Viera de Fernando. Dois anos no presídio no meio de criminosos, com o mar imenso cercando-os por todos os lados. Lembrava-se da ilha. No começo algo dizia que eles não voltariam. Deodato, Simão e Jesuíno, tiravam as noites para as conversas, para si lastimarem da vida. As vezes a lua branca como a do engenho, fazia que eles fossem, de noite a dentro, cada um para seu canto, a olhar o mundo sem que nada tivessem para dizer um ao outro.
Deodato e Simão haviam entrado para o serviço da padaria do presídio. Ricardo estava servindo de criado para o médico, um velho solteiro, sem ninguém, que vivia por ali como um preso qualquer.
Avistavam navios passando, que vinha e voltava para o estrangeiro. Havia presos que sabiam os nomes dos barcos e discutiam a identidade deles, as companhias pela cor das chaminés. E aquilo era mesmo um divertimento dos melhores que eles tinham.
Aos poucos Ricardo foi se afastando. Notícia de fora, nunca tivera. Apenas alguns recebiam cartas e quando chegava navio à ilha, estes privilegiados só se aquietavam