Livro conta a vida de Francesco Matarazzo, o imigrante que deixou a Itlia para construir no Brasil um dos maiores conglomerados da histria do capitalismo mundial Por Nelson Blecher 20/10/2004 O conde Francesco Matarazzo costumeiramente lembrado como um dos maiores empresrios da histria no Brasil, ao lado de outros empreendedores igualmente importantes no incio do sculo 20. Chega s livrarias agora em novembro uma obra definitiva a respeito do conde que ajusta essa percepo. O livro Matarazzo, do escritor Ronaldo Costa Couto, editado pela Planeta e composto de dois volumes Travessia e Colosso Brasileiro (360 pginas cada um. Separados, custam 49,90 reais. Juntos, 90 reais). EXAME teve acesso aos volumes, ponto de partida desta reportagem. O material reunido por Costa Couto autoriza a seguinte concluso o conde Francesco Matarazzo no foi apenas um dos maiores empresrios da histria brasileira. Matarazzo foi o maior empreendedor do pas em todos os tempos e ainda um dos nomes de destaque do capitalismo mundial. Matarazzo no ergueu dez, 20 ou 50 fbricas. Foram 200. Isso mesmo 200 fbricas. Ao lado delas, Matarazzo deixou tambm hidreltricas e ferrovias -- assim mesmo, no plural --, empresa de navegao, banco, fazendas, milhares de terrenos urbanos e prdios, alm de filiais na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa. No auge, chegou a empregar 30 000 pessoas. Para efeito de comparao, o Banco do Brasil tinha, na virada do sculo, 133 funcionrios. Atualmente, a Gerdau tem 14 000 empregados. Ao morrer, em 1937, Matarazzo possua um patrimnio estimado em 20 bilhes de dlares corrigidos aos dias de hoje pela inflao americana. Em terras brasileiras, nenhum capitalista voou to alto. Na virada do sculo 19 para o sculo 20, o Brasil era assim. Dois teros da populao viviam no campo, 65 dos adultos no sabiam ler ou escrever e o produto interno bruto per capita equivalia, em valores de hoje, a pouco mais de 700 reais. Nas cidades, doenas como tifo, sfilis, sarampo e varola faziam vtimas