Marx e o estado
O Estado tem sido definido como um conjunto de instituições políticas, jurídicas e administrativas com jurisdição sobre a população de um país internacionalmente reconhecido em suas fronteiras. Entretanto, embora correta, essa definição não diz nada a respeito da natureza do Estado. Sobre isso, as diferenças são muito grandes entre os pensadores. Durante muito tempo, argumentou-se que a finalidade do Estado seria a de promover o “bem comum” de toda a sociedade. Entre os séculos XVIII e XIX, o filósofo alemão George Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) sugeriu que o Estado seria uma criação racional, representando a “coletividade social”.
Essas concepções, entretanto, foram rejeitada pelos pensadores alemães Karl Marx e Friedrich Engels. Para eles, o Estado é, na verdade, um instrumento que serve aos interesses da classe dominante me qualquer sociedade. No texto a seguir, Martin Carnoy discute a concepção marxista do Estado.
Em primeiro lugar, Marx considerava as condições materiais de uma sociedade como a base de sua estrutura social e da consciência humana. A forma do Estado, portanto, emerge das relações de produção, não do desenvolvimento geral da mente humana ou do conjunto das vontades humanas. (...)
Essa formulação do Estado contradizia diretamente a concepção de Hegel do Estado "racional", um Estado ideal que envolve uma relação justa e ética de harmonia entre os elementos da sociedade. Para Hegel, o Estado é eterno, não histórico; transcende a sociedade (ou seja, está acima da sociedade) como uma coletividade idealizada. Assim, é mais do que as instituições simplesmente políticas.
Marx, ao contrário, colocou o Estado em seu contexto histórico e o submeteu a uma concepção materialista da história. Não é o Estado que molda a sociedade, mas a sociedade que molda o Estado. A sociedade, por sua vez, se molda pelo modo de produção e pelas relações de produção inerentes a esse modo de produção. Em segundo lugar, Marx (novamente em