Cai o pano
Cai o pano
Os presidentes de empresas no Brasil incorporaram tanto o personagem corporativo que parecem ter perdido a si mesmos, o que com freqüência se converte em razão de sofrimento. É o que mostra este artigo baseado em pesquisa realizada entre 2006 e
2007 pelos professores Mariá Giuliese e Léo Bruno, da Fundação Dom Cabral
“Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram”
Álvaro de Campos
(heterônimo de
Fernando Pessoa)
uem são, de fato, os presidentes de empresas do Brasil? O que pensam e sentem aqueles que alcançaram o degrau mais alto da carreira, modelo e inspiração de todos os gestores e leitores de revistas de management? Já conhecemos e acompanhamos muitos desses indivíduos no palco dos negócios, mas o que será que lhes acontece quando descem as cortinas e eles ficam sós?
A pesquisa Contexto dos Presidentes, que realizei em conjunto com o professor Léo Bruno para o Centro de Tecnologia Empresarial da Fundação
Dom Cabral (CTE-FDC), veio responder a essas perguntas. Investigamos dirigentes de 40 das 500 maiores e melhores empresas do País de acordo com a revista
Exame, buscando um escopo de informações suficientemente abrangente para construir seu verdadeiro perfil. Em vez de nos limitarmos a rastrear e mapear as práticas que dizem adotar na condução dos negócios, analisamos aspectos do indivíduo, tais como crenças, valores e modo de agir no que tange a trabalho, carreira, família, participação na sociedade e visão de mundo. Para tanto, mesclamos questionários auto-aplicados e entrevistas pessoais; realizamos ampla análise da literatura técnica na área de negócios e da exposição desses executivos na mídia impressa.
O alto preço que o sucesso lhes cobra foi o principal resultado: o sedentarismo apareceu no topo da lista dos efeitos mais nefastos de sua ascensão profissional sobre a vida pessoal
(70% dos entrevistados o admitiram), seguido do adiamento dos projetos