Marinheiros
Apertados, com mantimentos escassos e mal conservados, os marinheiros enfrentam viagens longas e difíceis.
A vida nos navios que partiram para alto-mar era muito dura. Oficiais e marinheiros espremem-se em espaços exíguos, enfrentam os perigos dos mares desconhecidos e padeciam de doenças terríveis. A principal causa de mortalidade, além dos naufrágios, era o mal das gengivas, um flagelo das tripulações. Depois de algumas semanas no mar, as gengivas inchavam e começavam a apodrecer, exalando um odor insuportável. Às vezes, era preciso cortar a carne apodrecida antes que o inchaço cobrissem os dentes e levassem o doente à morte – sem conseguir mastigar, os infelizes definhavam de fome. A tripulação se ressentia da falta de alimentos frescos. Os oficiais tinham permissão para embarcar com animais vivos, como galinhas, cabritos e porcos, mas essa carga geralmente era consumida nos primeiros dias de viagem. A partir daí, a principal comida a bordo eram os biscoitos da regra, feitos de farinha de trigo e centeio. Cada tripulante tinham direito geralmente a 400 gramas diários de biscoito, a ração básica de sobrevivência no mar. A má conservação dos alimentos era um problema grave. Armazenada em paióis pouco arejados, quentes e úmidos, a comida apodrece rapidamente. Os navios viviam infestados de ratos, baratas e carunchos. Insetos e vermes disputavam com os homens o alimento escasso e comprometiam as já precárias condições de higiene. Os temperos fortes eram usados para disfarçar o gosto dos alimentos deteriorados. Peixes frescos era uma raridade – além de difíceis de pescar em alto-mar, a tripulação preferia não gastar o pouco alimento disponível como isca de resultados incertos. As refeições eram preparadas num fogão a lenha existente no convés e cuidadosamente vigiado para evitar incêndios. À noite e durante as borrascas, os fogões ficavam apagados. A água, transportada em grandes tonéis, também apodrece pelo