Margareth Thacher

2583 palavras 11 páginas
A trama do filme é a história de uma senhora que não consegue desapegar-se do passado, o seu passado pessoal e seu papel histórico. Mas o passado pessoal será facilmente descartado, doado para a Oxfan, através das roupas do marido morto que farão com que ela complete seu luto. No final do filme ela consegue se desfazer das roupas e do fantasma, quando finalmente vemos uma emoção, uma lágrima lhe escapa do olho. Ela perdeu seu apego pessoal. Mas, e o legado histórico? Bem, a reconstrução de uma memória absolutamente conservadora é o que filme propõe sucessivamente. Um passado reificado, um “objeto de consumo, estetizado, naturalizado e rentabilizado, pronto para ser utilizado”.[1] Não existe memória sem consequências, sem implicações, e é esse embate que queremos perceber no filme.
As remissões à Margareth jovem são bizarras. Primeiro, mostrando um ideal presente nas falas de seu pai, de um conservadorismo a toda prova, de um individualismo segundo o qual pode o personagem se colocar como portador da verdade, ela possui a verdade e não importa o que aconteça, fará com que ela impere, à luz da construção do seu poder. O personagem Thatcher surgirá como guia, alguém que deverá levar o partido a um caminho. Interessante que esse caminho aparece apenas como idealizado por essa mulher jovem, idealista. Em nenhum momento se refere ao seu embasamento teórico neoliberal, que fundamenta com precisão as políticas que colocaria em prática, suas relações com Hayek, nada disso aparece no filme; afinal, é uma “memória pessoal”.
A figura da “mulher” também passa por contradições. A mulher velha sofre na memória suas escolhas históricas com relação aos filhos. Busca se reconciliar com o filho, a quem ela chama em vários momentos de senilidade, por quem clama e que sarcasticamente no final se nega a aparecer, “foge” para a África do Sul, não tem tempo para a mãe. A culpa da mãe que trabalha e que “abandonou” o filho, ao dedicar-se a qualquer coisa na vida, no caso, a política,

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