Marcas de oralidade
Afirma Kato (1986) que a escrita e a fala são realizações de uma mesma gramática, mas há variação na forma pela qual as atividades linguísticas são distribuídas entre as diferentes modalidades, devido às diferenças temporais, sociais e individuais. Sendo assim, entende-se que cada falante possui sua maneira própria de falar e de expressar seus pensamentos, sentimentos e pontos de vista sobre determinados assuntos, seja por influência de aspectos extralinguísticos como idade, grupos sociais (caracterizados por determinados vocabulários), pela região ou localidade em que o falante está inserido que possui marcas linguísticas diferenciadas ou por aspectos inerentes ao próprio sistema linguístico da língua, que pode variar para atender às necessidades reais do falante no processo de interação linguística. Essas influências podem ser notadas também no processo da escrita, em que é comum transferirmos para a escrita, marcas características da oralidade, como podemos verificar no discurso das personagens nas obras “Caraí Ervateiro” e “Contos Crioulos”, do escritor sul-mato-grossense Hélio Serejo, em que este deixa transparecer toda a cultura de um povo simples, trabalhador e comprometido com as questões e costumes fronteiriços.
As marcas de oralidade são elementos que podem evidenciar essas características, por serem uma transcrição do falar cotidiano para a escrita, ignorando, às vezes, até mesmo a forma padrão da língua. É uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas e gêneros