Maquiavel
Inicialmente, cabe destaque a um ponto colocado à tona por Maquiavel e se refere ao papel do estudo da política para o autor, papel esse que direciona sua obra e seus objetivos, Maquiavel se ocupa do Estado, sendo assim, busca estudar o que de fato ocorre no funcionamento do Estado, sem idealizações, em uma busca da verdade efetiva das coisas. Como pode ser observado, no trecho abaixo, extraído do capítulo XV de O príncipe:
“(...) sendo o meu intento escrever coisas úteis àqueles que as lerão, parece-me mais conveniente conformar as minhas palavras à verdade efetiva do meu objeto que a uma visão imaginária do mesmo. Muitos foram os que conceberam repúblicas e principados que jamais foram vistos ou reconhecidos como tais. Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua própria pessoa.” (Maquiavel, Capítulo XV, e. 2004).
Assim, a preocupação de Maquiavel não é o melhor Estado, ou seja, a idealização de um modelo de Estado não observável na realidade, mas sim o Estado real, capaz de impor a ordem. Desse modo, como posto em Weffort (2006), Maquiavel rejeita a tradição idealista de Platão, Aristóteles e Santo Tomás de Aquino.
Seguindo a tradição inaugurada pelos historiadores antigos como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio, que tem como ponto de chegada e partida a realidade concreta, daí advém sua ênfase na análise da verdade efetiva das coisas, buscando observar e examinar a realidade tal como se apresenta e não como gostaria que fosse.
Nesse ponto é possível uma relação clara entre o posto por Maquiavel e o colocado por Bobbio (1986) quando este