Maquiavel
É difícil não reconhecer a crescente desilusão com as instituições políticas, as inconsistências e alianças partidárias exóticas, os desvios na trajetória representativa, entre outros aspectos, vistos como uma afronta à modernidade e ao ideal liberal. A propósito, na obra O moderno príncipe: Maquiavel revisitado, seu autor, o diplomata e cientista político Paulo Roberto de Almeida, assinala que "(...) A demagogia, já sabemos, é o mais recorrente meio utilizado por aqueles que, carentes de outras virtudes administrativas e pessoais, desejam ascender ao principado". De certo modo, esse cenário nos é peculiar.
Nicolau Maquiavel
Nos séculos XV e XVI, Niccolò Machiavelli (1469-1527) escreveu O príncipe, uma espécie de "manual de ação política e de análise das bases em que se assenta o poder político". Defendeu a legitimidade do poder, ignorando o direito divino e determinando como origem do poder a força. Maquiavel foi precursor da ciência política e o primeiro grande pensador moderno.
Quase cinco séculos depois de redigido, O príncipe (1513), livro escrito pelo filósofo italiano Nicolau Maquiavel (Niccolò Machiavelli), continua a instigar a reflexão crítica sobre "a política como forma de poder e o poder como resultante da atuação política". Segundo um dos intérpretes de Maquiavel, Claude Lefort, "a imprescindível obra literária de Niccolò di Bernardo Machiavelli, ou simplesmente Nicolau Maquiavel, o pensador de Florença, não se dirige apenas aos homens de seu tempo, está mais viva do que nunca e continua a interpelar a posteridade" (LEFORT, 1980, p. 11).
Nicolau Maquiavel, precursor da ciência política, encarou a sociedade como resultado de fatores observáveis e