Maquiavel
Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) ao escrever seu famoso e excelente livrinho “O Príncipe,” em 1513, provavelmente ficaria surpreso em ver o quanto algumas de suas passagens descrevem com absoluta perfeição o momento que vivemos (ou que vivíamos; já fica difícil dizer se o clima de levante popular de um mês atrás ainda persiste, embora, em termos gerais, possa se dizer que ainda estamos
“ligados” e razoavelmente críticos em relação às mazelas sociais de nossa nação).
Algumas correntes dizem que o objetivo de “O Príncipe” era unificar a Itália e fortalecê-la contra as recorrentes tentativas de conquistas estrangeiras. Outras defendem que o objetivo do poeta florentino era agradar os Médici, que ascendiam novamente ao poder após quatorze anos, com a nomeação do cardeal Giovanni de Médici como Papa, (o livro foi na verdade oferecido ao sobrinho dele, Lorenzo de Médici) para que estes lhe devolvessem seu antigo cargo no Secretariado de Florença. Uma abordagem mais sensata sugere que as versões não são exclusivas, mas ambas verdadeiras, e é nesta em que prefiro acreditar, já que me custa crer que tão brilhante obra seja somente fruto de necessidade premente, embora muita coisa indique que ele esperava que somente uma pessoa lesse seu livro: Lorenzo de Médici. Fato é que nenhum dos Médici deu atenção aos escritos, e Maquiavel faleceu sem ver sua obra sendo publicada,
o
que
só
veio
ocorrer
cinco
anos
depois,
em
1532,
sem
alarde
nem
pompa.
Sem mais rodeios vamos às ditas passagens.
“Porque em toda cidade se encontram duas tendências: a primeira origina-se do fato de que o povo não deseja ser governado nem oprimido pelos poderosos e a segunda de que os poderosos desejam governar e oprimir o povo. E destas tendências se implanta nas cidades, ou o principado, ou a liberdade, ou a anarquia.”
Aqui, Maquiavel descreve o processo de levante do povo, que