Maquiavel
PLATÃO E A CRÍTICA MIMÉTICA À MÍMESIS
Jovelina Maria Ramos de Souza
Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Pará
Resumo:
O presente artigo pretende mostrar que a crítica de Platão aos poetas segue o fim maior de opor o discurso filosófico aos discursos reinantes no séc. IV, apresentando os modos de falar e pensar da filosofia como os únicos capazes de ultrapassar a mera eloqüência, se deixando contaminar por um lógos reflexivo. Entender Platão como um poietés que recrimina os outros poetas, só é possível, para nós, se pensarmos que nessa crítica ele dá à poíesis uma outra identidade, pensando-a a partir de um referencial filosófico. Ao criticar a poesia e a mimese, empregando na sua prosa filosófica, elementos tanto da poesia como da mimese, Platão, na verdade, defende o uso dessas práticas, desde que estejam condicionadas por certos valores ético-políticos. Longe de parecer uma incoerência, a utilização da mimese marca a diferença entre a filosofia e as demais práticas discursivas de sua época, pois somente mediadas pela filosofia, elas poderão comportar um discurso coerente, argumentativo, justo e verdadeiro.
Palavras-chaves: Platão, crítica, mímesis.
Abstract:
This paper intends to demonstrate that Plato’s criticism to poets has as its major purpose opposing philosophical speech to other speeches in force during the 4th century b.C. by presenting Philosophy’s ways of speaking and thinking as the only ones capable to surpass the mere eloquence, since they were imbued by a reflexive logos.
Understanding Plato as a poietes who reprehended other poets implies that we must comprehend his criticisms in terms of conferring poiesis a different identity in thinking it from a philosophical perspective. In fact, in criticizing poetry and mimesis, Plato defends the use of such practices whenever they are permeated by certain ethical and political values. Far from seeming incoherent,