Maquiavel
“Os homens esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio.” (Maquiavel, “O príncipe”, XVII)
Prof. Ms. Roger Moko Yabiku
Nicolau Maquiavel (1469-1527) pode ser considerado o pai da filosofia política moderna. Ele estudava meticulosamente o homem e a sociedade tal como realmente eram, e não como deveriam ser. Ao verificar essa natureza humana e social, o estudioso dizia que a política tinha uma ética própria, diferente do que até então se pregava. Por constatar essa realidade, Maquiavel é tido até hoje como um pensador “maldito”, cujos ensinamentos muitas vezes podem ser associados com hipocrisia, falta de caráter, deslealdade e, quem sabe, até mesmo maldade. “Diferentemente dos teólogos, que partiam da Bíblia e do Direito Romano para formular teorias políticas, e, diferentemente dos contemporâneos renascentistas, que partiam das obras dos filósofos greco-romanos para construir suas teorias políticas, Maquiavel parte da experiência real do seu tempo”, escreve Marilena Chauí (p. 368). “Partindo do pressuposto de que a natureza humana é capaz do mal e do erro, analisa a ação política sem se preocupar em ocultar ‘o que se faz e não se costuma dizer’”, completam Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (p. 237).
O polêmico autor foi funcionário público em Florença, na Itália, desempenhando função de conselheiro e diplomata. Testemunhou o nascimento dos estados absolutistas na França, Inglaterra, Espanha e Portugal, o retorno das cidades europeias – conta Chauí (p. 368). Porém, a Itália continuava dividida em ducados, principados, condados e Igreja. As teorias antigas e medievais não eram suficientes para compreender o cenário, nem de dar uma resposta para a unificação da Itália.
Em 1513, lançou “O príncipe”, a obra inaugural da nova filosofia política, que dedicou a Lourenço de Médici. Esse livro nem sempre foi bem compreendido e seria o responsável por lançá-lo no rol de