Maquiavel

Maquiavel é considerado com justiça como o fundador da teoria política moderna devido ao princípio que estabeleceu da separação da política e da moral. Independentemente do maior ou menor acerto das suas receitas e de seus conselhos, Maquiavel estabeleceu que a política pode e deve ter uma base científica e obedecer a leis próprias, condicionadas apenas pela sua eficiência em relação ao seu propósito fundamental, a saber, a conquista e manutenção do poder político. O filósofo renascentista, em seu famoso tratado, O Príncipe, não investiga a natureza do poder ou as características formais ideais dos regimes políticos, mas preocupa-se exclusivamente com as regras práticas do seu funcionamento, necessárias à sua eficiência. Sua grande contribuição à política foi dar, com seu livro polêmico até os dias de hoje, o passo teórico fundamental para desvincular a política da moral e da religião e emancipar o poder terreno real do poder divino fictício, expressando ideologicamente a necessidade da burguesia ascendente de emancipar-se da férula da Igreja Católica e em geral da ditadura das concepções religiosas.
Marx explica como a burguesia fez o mundo evoluir das sombras da religião para a luz da ciência também na política e o papel do pensador florentino nesse domínio: “Na esfera política, a filosofia nada fez que a Física, a Matemática, a Medicina e todas as ciências não fizessem em suas respectivas esferas. Bacon de Verulam disse que a física teológica era uma virgem dedicada a Deus e estéril. Ele emancipou a física da teologia e a tornou fértil. Do mesmo modo que não se pergunta ao físico se ele é um crente, também não há razão para perguntá-lo ao político. Imediatamente antes e depois da grandiosa descoberta de Copérnico do verdadeiro sistema solar, a lei da gravidade do Estado foi descoberta, sua própria gravidade sendo encontrada no próprio Estado. Os vários governos europeus tentaram, do modo superficial das primeiras tentativas práticas, aplicar este resultado de