A arte
3ª ETAPA: O TEATRO DE GRUPO E A CONSTRUÇÃO DE MODELOS DE TRABALHO DE ATOR.
Espaço teatral não-tradicional: o palco da encenação contemporânea para os grupos teatrais nacionais
Eder da Costa Paulo[1], André Luiz Antunes Netto Carreira[2]
O presente estudo tem como objetivo desenvolver algumas reflexões a cerca do espaço teatral não-tradicional, isto é a sala “não-italiana”. A partir de um levantamento de grupos nacionais cujas encenações experimentam espaços alternativos que rompem com a lógica da sala “a la italiana”, meu foco de estudo foi identificar as orientações que levaram dois grupos – Teatro da Vertigem e Oi Nóis Ai Traveiz - a convergir quanto a este tipo de escolha espacial, apresentando assim, uma possível identidade que pode ser associada à idéia de teatro de grupo.
1. A quebra da hegemonia do espaço à italiana
O primeiro passo para abordar a noção de espaço não-tradicional é delimitar o modelo que constituiu o paradigma do espaço teatral moderno tradicional: o espaço à italiana. Este tipo de espaço ocupa uma posição hegemônica na produção teatral ocidental desde os séculos XVIII, XIX passando pela primeira metade do século XX, sendo até hoje a referência fundamental da cena ocidental. Uma das possíveis justificativas para essa permanência é a eficiência técnica que este espaço permite no que diz respeito a alguns elementos cênicos: cenografia, iluminação, sonoplastia.
Apesar da hegemonia do espaço à italiana, a discussão e até mesmo a experimentação de outras possibilidades de representação cênica já vêm sendo proposta por teóricos, encenadores e companhias teatrais ao longo do século XX. Os questionamentos da relação de frontalidade entre palco e platéia têm provocado mudanças na forma de ocupação da sala pelo espectador. Estes questionamentos buscam revolucionar o conceito de espaço teatral e estimulam encenadores