Maquiavel e a Renascença
Um Olhar Sobre o Período Renascentista.
“O amável nome de Renascença não evoca aos amantes do belo senão o advento de uma arte nova e o livre desabrochar da fantasia. Para o erudito, é a renovação dos estudos sobre a antigüidade; para os juristas, o dia que começou a luzir sobre o caos discordante dos velhos costumes.” Com estas palavras, com que abre, sobre o título de “A Renascença”, o sétimo volume da História da França, dedicado às invasões francesas na Península Itálica, Jules Michelet iria iniciar, em 1855, o processo de revisão de historiografia do período, até então considerado mera transição entre a idade das trevas e a época moderna. O reconhecimento tardio dessa identidade é de certa maneira surpreendente, por tratar-se de um dos poucos, se não o único, “mega-período histórico” que ficou conhecido por termo cunhado no próprio tempo que passou a designar. Michelet, ainda se propõe a dizer que o homem se reencontra a si mesmo, com a descoberta do mundo. O séc.XVI tem sua legítima extensão em Colombo, passando por Copérnico e chegando em Galileu. Dentro desse quadro renascentista que se apresentava na Península Itálica, ressurge um modo de ver o mundo, denominado por um pedagogo alemão no sec.XIX como humanismo. Esse termo foi criado para explicar alguns textos gregos e latinos e se relaciona com os termos humanista (termo clássico que caracteriza os estudiosos das disciplinas humanísticas, como a retórica). Por isso o humanismo renascentista não valorizava a filosofia, mas era importante pedagogicamente, porém limitado. Primava pela técnica em detrimento da originalidade. O próprio Norberto Bobbio, em seu livro: A Teoria das Formas de Governo, dita que o segundo capítulo de Discorsi sopra la prima deca di Tìtio Livio, são uma paráfrase, senão uma tradução do Livro VI da História de Políbio. A questão da valorização do homem, é vista também por Eugênio Garin, mais poderosa e meditada em São Tomás que em Ficino;