Manuel Bandeira

Como todo poeta moderno, Manuel Bandeira se baseia em fatos cotidianos para escrever a sua poesia. Nesse caso específico, ele aborda uma consulta ao médico, fato corriqueiro em sua vida, uma vez que o autor sofria com a tuberculose. Outra característica marcante do Modernismo é o uso de palavras e construções simples, como é verificado em todo o poema “Pneumotórax”, com uso de versos livres e diálogos diretos, sem preocupação com a rima e com a métrica. A desorganização consciente da arte através do rompimento da escrita tradicional presente no Parnasianismo é uma das características mais marcantes que fazem com que essa obra se encaixe dentro do perfil Moderno.
Mas, para compreender a obra de Bandeira é preciso remeter a fatos da sua vida pessoal. O poeta passou a vida toda sendo assombrado pela tuberculose, assim viveu por muitos anos entre internações e hospitais, evitando, verdadeiramente, viver a vida. Fato esse sempre relembrado em suas obras, como cita no verso “A vida inteira que podia ter sido e não foi”. Essa melancolia, talvez, seja um dos temas mais recorrentes da poesia de Bandeira, que vivia entre vontades e delírios de uma nova vida, lembranças do seu passado e a dura realidade de conviver com a sua situação enferma.
O poema “Pneumotórax” traz bem essa ideia do que o poeta vivia. Da melancolia de não saber quanto tempo ainda lhe restava e, ao mesmo tempo, da forma irônica com que tratava a sua doença. Sensação refletida no último verso, em que Bandeira brinca de forma meio sádica com a sua situação “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”, ou seja, uma forma eufêmica de se dizer que já não há mais nada a ser feito.