manifesto do desenho
mani festo Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura ‘intelectual’, profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte morta, da imitação, da arte artificial, da arte abstrata, da arte ilusionista, da arte matemática, – livrem o mundo da ‘Europeização’! Promovam um fluxo e uma maré revolucionárias na arte. Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos, não apenas pelos críticos, diletantes e profissionais… Unam-se os movimentos sociais, culturais e políticos revolucionários numa frente única de ação!
George Maciunas (1963)
(trecho do Manifesto escrito pelo ativista do Grupo Fluxus, pioneiro da
Arte Conceitual, e que cunhou-lhe o termo em 1961, nos Estados Unidos)
A realização do desenho é o próprio desenhista. É nele que se imprime o sentido das linhas, nele a fluidez rítmica das ideias e o universo simbólico que guardam em si: no desenhista é que o “conceito” nasce. Depositário primeiro e último da experiência, também o desenhista necessita do desenho, de sua fisicalidade, a fim de encontrar sua razão. Rito inalienável, o desenho consolida o monumento interior que se erige no momento da concreção humanizante da linguagem – instante que não é ação do minuto do insight, mas consequência de incontáveis horas – indispensáveis à criação do instante.
Derivativo de “desígnio”, seu conceito originário incorpora a poética ambígua de realizar-se no “devir”, eterno vir a ser que nunca se dá no presente, mas, designando o que será, impõe limites, constrói barreiras, fronteiras… também abrindo canais, comportas, reservatório infinito de signos, dando vazão ao que do íntimo escoa! O gesto revela uma intenção: é no ato de “revelar” que incide o espaço da atuação artística. O gesto e a intenção estão no mundo ainda como propriedades alheias, abstratas do ser. É a arte e seus mecanismos de linguagem e abrigo que os possibilita, operando a mediação necessária entre a