Surrealismo
As ideias do Surrealismo no Brasil começam a ser desenvolvidas e absorvidas entre as década de 1920 e 1930, pelos participantes do Movimento Modernista do Brasil. Mas só a partir de 1928 é que é possível documentar os sinais do surrealismo na literatura nacional. O livro Macunaíma, de Mário de Andrade, é um exemplo de influência que o surrealismo exerceu em nossa literatura. A aparência caótica de Macunaíma tem muito a ver com esse automatismo psíquico e a escrita “automática” dos surrealistas. No entanto, assim como em A Metamorfose, o caos é apenas uma aparência uma vez que há sempre uma temática por trás para dar unidade à narrativa.
O escritor Oswald de Andrade, em seu Manifesto Antropofágico (síntese de pensamentos do autor sobre o Modernismo Brasileiro), faz menções diretas ao movimento ao falar de uma revolução surrealista e ao citar Freud. Seu romance, Serafim Ponte Grande(1933) também tem traços a ver com o surrealismo. Também foram ícones do surrealismo na literatura nacional, os poetas Murilo Mendes e Jorge de Lima. E alguns títulos de livros de Mario Quintana provêm de imagens surrealistas, como Sapato Florido. Já João Cabral de Melo Neto, em seu primeiro livro – Pedra do Sono – trabalha com temas que o aproximam do surrealismo. São eles: irrealidade, sonho e sono.
O termo surrealismo, cunhado por André Breton com base na idéia de "estado de fantasia supernaturalista" de Guillaume Apollinaire, traz um sentido de afastamento da realidade comum que o movimento surrealista celebra desde o primeiro manifesto, de 1924. Nos termos de Breton, autor do manifesto, trata-se de "resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma supra-realidade". A importância do mundo onírico, do irracional e do inconsciente, anunciada no texto, se relaciona diretamente ao uso livre que os artistas fazem da obra de Sigmund Freud e da psicanálise, permitindo-lhes explorar nas artes o