Manifesto da negativa às avessas
Cansado de ser censurado por todos aqueles que se escondem por de trás da mascara da tolerância absoluta, mascara esta que dissimula exatamente a imbecilidade reinante no mundo atual e impossibilita o debate crítico e radical contra todo tipo de manifestação artística mercadologicamente concebida, torpe, ignóbil, infame, repugnante e vazia de consistência poética, mas que no fundo objetiva apenas garantir e justificar uma tolerância a lógica nefasta do mercado, e, sentindo-me ainda, dessa forma, impossibilitado de me posicionar contra o fétido chorume artístico intolerável e imprestável que jorra das engrenagens da indústria do entretenimento, pois, quando o faço sou classificado, por tais dissimuladores, como radical, inflexível, obcecado, ortodoxo, irredutível, intolerante, sectário e obstinadamente cego por valores tradicionais e inócuos, rendo-me, então, a dissimulação reinante, e, na impossibilidade de afirmar minha radicalidade contra as pútridas manifestações artísticas, resolvo manifestar minha repudia por meio de uma negativa às avessas, assumindo conscientemente o nível máximo e absoluto de imbecilidade que um ser humano possa atingir, para, desse modo, habilitar-me a fazer parte do coro dos politicamente idiotas, pois afinal, se preciso abrir mão de minha reflexão crítica, que ao menos eu seja um imbecil consciente, consciente do estado de degenerescência da cultura humana.
Desse modo, aliviado com o peso que acabo de retirar das costas e me chafurdando no delicioso lamaçal contemporâneo, desfruto o prazer da plena irresponsabilidade do sentir alcançando a beleza, antes obscurecida pela luz da razão, de uma teledramaturgia global que compensa nosso péssimo hábito de povo que não lê, e, no fundo o péssimo hábito converteu-se em salutar virtude que nos redime da ignorância dos livros; alcanço a beleza da realidade teatralizada dos realy shows, e presto justa homenagem ao nosso poeta maior, Pedro Bial, àquele que nunca