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Sentada na calçada na saída da escola.
Ele: Oi, posso sentar?
Ela: Tô ocupando tanto espaço assim? Senta, a rua é pública.
Ele sentou do lado dela.
Ela: Já viu o tamanho dessa calçada?
Ele: Já, só que se eu sentar longe vou precisar falar alto.
Ela: Falar alto pra que?
Ele: Pra você me ouvir...
Ela: E eu estou com cara de quem quer papo?
Ele: Você está com cara de quem precisa de um abraço.
Ela: Preciso, por isso estou esperando. Quando ele sair, eu vou correr e abraçá-lo, mesmo tendo dito que não o quero ver nunca mais... Senti saudades.
Ele: E qual o porque desse mal humor?
Ela: Ah, não. O mal humor é normal. Mas isso realmente está me deixando triste.
Ele: Quer falar o que aconteceu?
Ela: O comum de todos os homens, traição!
Ele: Vocês mulheres tem uma mania de julgar todos os homens por causa de uns babacas que vocês encontram na rua.
Ela: Não foi o primeiro...
Ele: Mas pode ser o último.
Ela sorri.
Ele: Não entendo por que vocês fazem isso, sente saudades de algo que já te fez chorar.
Ela: Até parece que eu quero sentir falta dele.
Ele: Carência?
Ela: Talvez.
Ele: Por que talvez?
Ela: Talvez é bom, não define nada do que eu quero afirmar.
Ele: Entendi.
Ela: Você não vai embora?
Ele: Ah, agora não.
Ela: Está esperando alguém?
Ele: Sim. - e abre um sorriso.
Ela: Alguma menina?
Ele: É.
Ela: Pelo sorriso que você deu e o fato dela ser uma menina, deve ser a sua namorada. Acertei?
Ele: Não sei ainda...
Ela: Como assim não sabe, menino?
Ele: Pra falar a verdade, eu acabei de conhecê-la. Achei ela linda, perfeita, mesmo com todo o mal humor que tinha, mal humor que se transformou em um "meio-sorriso" bem timido.
Ela sorri escancaradamente.
Ele: Faz de novo?
Ela: O que?
Ele: Dá esse sorriso outra vez.
Ela tentou sorrir e riu: Não consigo, só consigo sem perceber.
Ele: Foi lindo, senti algo diferente.
Ela: Diferente como?
Ele: Sei lá... Diferente bom.
Ela: Acho que eu te entendo.
Ele: Entende?
Ela: Estou sentindo isso