Manguebit
No bar “Cantinho das Graças” Chico Science chegou e, sem sentar, comentou da primeira jam sessiom que fez com a junção da Loustal com o Lamento Negro (leia mais no post Chico Science). Foi nesta ocasião que ele resolveu chamar aquele som recém-criado de “Mangue”.
Uma influência primordial à estética e conceito do Mangue é a obra “Homens e Caranguejos” do sociólogo pernambucano Josué de Castro, vejamos um trecho:
“(...) E foi assim que, pelas histórias dos homens e pelo roteiro do rio, fiquei sabendo que a fome não era um produto exclusivo dos mangues. Que os mangues apenas atraíram os homens famintos do Nordeste: os da zona da seca e os da zona da cana. Todos atraídos por esta terra de promissão, vindo se aninhar naquele ninho de lama, construído pelos dois e onde brota o maravilhoso ciclo do caranguejo. E quando cresci e saí pelo mundo afora, vendo outras paisagens, me apercebi com nova surpresa que o que eu pensava ser um fenômeno local, era um drama universal. Que a paisagem humana dos mangues se reproduzia no mundo inteiro. Que aqueles personagens da lama do Recife eram idênticos aos personagens de inúmeras outras áreas do mundo assolados pela fome. Que aquela lama humana do Recife, que eu conhecera na infância, continua sujando até hoje toda a paisagem de nosso planeta como negros borrões de miséria: as negras manchas demográficas da geografia da fome. (...)”
O autor compara o