Machado de Assis é realista; como os autores classificam as obras machadianas
Bernardo Gustavo aborda no segundo capítulo do seu livro a problemática do realismo de Machado de Assis, explicando que em seu ponto de vista, diferentemente dos demais autores classificados como realistas-naturalistas, este pode ser considerado apenas como realista.
A maioria dos críticos e professores somam um adjetivo ao substantivo “realismo” para fazer valê-lo em relação à literatura machadiana. O primeiro a dar sua opinião sobre o assunto foi o crítico paulista Alfredo Bosi. Segundo ele, Machado é um dos melhores realistas classificando suas obras como superiores pois é capaz de abordar assunto de maneira refinada e propriamente ética. Esse crítico discorda da concepção que a primeira fase de Machado foi romântica, afirmando que suas obras foram de compromisso. Para Bosi, não há um conformismo nas obras machadianas, mas sim o conhecimento de que os homens se defendem.
O crítico inglês John Gledson concorda que Machado de Assisé um escritor realista, porém alerta que esse termo “realismo” pode ser enganoso, já que existe uma verdade a ser adivinhada em suas obras somente pelo leitor cuidadoso e perspicaz.
Para o filósofo Patrick Pessoa, o estilo Machadiano pode ser considerado como “ realismo fenomenológico”, pois jamais à realidade como ela é. Segundo ele, Machado rejeitaria uma concepção ingênua do realismo, escrevendo de maneira objetiva as coisas como são em si mesmas, não deixando assim de ser realista mas se tornando um realista não ingênuo. Pessoa ressalta que a realidade é simplesmente como ela parece.
Eugênio Gomes vê em Machado um microrrealismo psicológico, porque pratica uma espécie de hipérbole por diminuição, buscando somente os detalhes para revelar o que se encontra encoberto. Para Gomes, Machado de Assis capta a dissimulação da alma humana cuidadosamente.
Na mesma linha de Eugênio Gomes, com o microrrealismo psicológico, Massud Moisés apõe um realismo