Lyotard

823 palavras 4 páginas
Richard Rorty desenvolve, logo no começo de seu livro Contingência, Ironia e Solidariedade, a ideia da possibilidade do abandono de uma teoria que unifique o público e o privado, centrando-se na contingência da linguagem, e usando da autocriação e da solidariedade para a criação de uma sociedade “utópica-liberal”, onde os indivíduos, ao aceitar a contingência até mesmo de sua própria linguagem e ser sensível à dor alheia por meio da imaginação, conseguirão criar a solidariedade dentro de uma sociedade que não se apoia em princípios universais.
Inspirado em Donald Davidson, Rorty colocará a ideia de que não existe linguagem no sentido definitivo e de estrutura comum, não sendo esta um meio para a apresentação da realidade. Há, então, a distinção entre o mundo dado e a verdade dada, com esta verdade sendo expressada pela linguagem: “Dizer que a verdade não está dada é simplesmente dizer que, onde não há frases, não há verdade, que as frases são componentes das línguas humanas, e que as línguas humanas são criações humanas” (p.28). Mas, mais do que apresentar o mundo como jogos de linguagem, Richard Rorty colocará que a decisão sobre estes não é arbitrária ou decorrentes de algo intrínseco ao ser humano: ela é contingente, com a perda de palavras e criação de novas metáforas não sendo “resultado da aplicação de critérios ou de atos gratuitos”(p.30), não devendo-se colocar como solução à mudança dos jogos de linguagem critérios intrínsecos ao ser humano ou ao mundo.
Com os idealistas alemães, a verdade deixou de ser algo a ser descoberto para ser criado, mas Kant e Hegel fizeram concessões parciais à essa ideia, havendo ainda a visão da verdade como sendo parcialmente descoberta, apenas com a “metade científica inferior” sendo produzida. Posteriormente, pensadores como Wittgenstein, pensaram na linguagem como substituto à mente ou à consciência, porém Rorty discorda da linguagem ocupando este lugar, uma vez que ela sofreria de um problema auto-referencial de sua

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