Metanarrativa: Condição pós moderna
Na filosofia e na teoria da cultura, uma metanarrativa assume o sentido de uma grande narrativa, uma narrativa de nível superior (“meta-“ é um prefixo de origem grega que significa “para além de”), capaz de explicar todo o conhecimento existente ou capaz de representar uma verdade absoluta sobre o universo. A Bíblia e o Alcorão são exemplos de metanarrativas universalmente conhecidas; mas toda a obra cultural e política vitoriana pode ser considerada uma metanarrativa, tal como Ulysses de James Joyce ou as teorias feministas radicais ou as propostas marxistas do século XX. É esta crença nas totalidades e na capacidade de uma metanarrativa para congregar todo o conhecimento possível que levou Jean-François a proposição da condição pós-moderna como uma reacção à confiança nesta utopia: “considera-se que o ‘pós-moderno’ é a incredulidade em relação às metanarrativas. Esta é, sem dúvida, um efeito do progresso das ciências, mas este progresso, por sua vez, pressupõe-na. Ao desuso do dispositivo metanarrativo de legitimação corresponde especialmente a crise da filosofia metafísica e da instituição universitária que dela dependia.” (A Condição Pós-Moderna, 2ª ed., trad. de Bragança de Miranda, Gradiva, Lisboa, 1989, p.12). Linda Hutcheon reclama um lugar diferente para as metanarrativas feministas, que não partem necesariamente de uma posição pessimista perante as grandes narrativas: “Vários tipos de teoria e critica feminista convergem a partir de um ângulo particular: a metanarrativa que tem sido sua preocupação principal é obviamente o patriarcado, especialmente em seu ponto de imbricação com as outras narrativas dominantes de nossos dias – o capitalismo e o humanismo liberal. Em seu modo específico de crítica, os feminismos têm-se sobreposto às teorias marxistas e pós-estruturalistas e ao que tem sido chamado de arte pós-moderna – arte que é paradoxalmente tanto auto-reflexiva e historicamente fundamentada, quanto paródica e política: as