Lusíadas Herói
(Apresentação do Herói)
O Herói d’Os Lusíadas é apresentado na Proposição, na qual o poeta se propõe a cantar “(…) o peito ilustre lusitano”, isto é, o povo luso que, pela sua valentia, heroicidade e determinação a enfrentar os perigos, atinge os intentos a que se propõe e alcança a Fama, a Glória e, eventualmente, a imortalidade. O herói épico nacional vai caracterizar-se também pela vulnerabilidade dos Deuses em relação a si, como se pode ver no Consílio dos Deuses, no qual Baco mostra temer os portugueses, e pela superação dos heróis das epopeias antigas, pois este herói é real.
Para enaltecer o povo português e construir a sua epopeia, Luís de Camões serviu-se da armada de Vasco da Gama, que descobriu o caminho marítimo para a Índia entre 1497-1499. Assim, um dos heróis centrais da epopeia será a tripulação, os nautas portugueses, representados pelo próprio Vasco da Gama, no Plano da Viagem.
(Construção do Herói)
O herói nauta vai-se construindo ao longo da narrativa e da própria viagem até à Índia. No já referido Consílio dos Deuses, o facto de um Deus temer que a sua glória esteja ameaçada por humanos é desde logo um passo na construção do herói português. Assim, a grandeza dos portugueses é mais enaltecida pelo receio de Baco, do que propriamente pelos elogios tecidos por Vénus. Durante os episódios das Despedidas de Belém e do Velho do Restelo é dado mais um passo na construção do herói nacional, pois os nautas foram verdadeiros heróis quando, perante todos os argumentos do Velho, perante o seu próprio sofrimento e da sua família, e perante as opiniões de todos os que achavam que estes “caminhavam para a morte”, a armada cumpriu aquilo a que se propunha e embarcou com coragem na sua viagem marítima.
Durante esta viagem até à Índia, os nossos heróis ultrapassaram-se por diversas vezes. Uma das maiores dificuldades dá-se quando a armada portuguesa se depara com uma figura gigante envolta num cenário aterrador de tempestade, o