Lobao 50 anos a mil
Lobão com Cláudio Tognoli
a minha Regina
Das tripas, coração
(pro Júlio Barroso, Cazuza e Ezequiel Neves)
Quem foi que disse a você, quero saber,
Que perder é o mesmo que esperar?
Quem é que vai ficar tranquilo, perdido na beira do abismo, sangrando?
E se você pudesse ter alguém de joelhos a teus pés
A pedir o teu sinal,
Sussurrando todo o seu calor na tua orelha,
Procurando por uma palavra que não fosse em vão,
Que fizesse você compreender...
Que abandono meu lugar
Rasgando as veias,
Derramando meu amor
Pelas areias.
Anuncia um lindo Sol Radiante:
A última alvorada em teu semblante,
E na perfeição de um céu sem sombras
A gente vai se encontrar.
E das tripas, coração… mais uma tarde
Pra levar o meu amor pra eternidade.
Meu amigo, por favor me aguarde, que a gente vai se encontrar.
Quem é que vai zombar desse deus trapaceiro nesse Rio de Janeiro?
Quem é que vai anunciar a próxima atração?
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E uivar pra Lua cheia
A gargalhar os tormentos do mundo?
Quem é que vai ficar sorrindo,
Jogando palavras ao mar,
Vendo a terra toda estremecer?
Quero saber quem é que vai guardar
Toda essa dor
De ficar, sozinho, no convés, sem a tripulação?…
Sou eu…
Lobão… 50 anos a mil
Faça o download dessa música inédita em www.lobao.com.br/downloads
Nota do editor
Neste livro, decidimos manter o léxico e a sintaxe peculiares e autorais de
Lobão. Não fosse assim, a fluidez e o ritmo do livro, tão originais, seriam perdidos.
Prólogo
Rio, junho, 1984.
Quatro da manhã, cemitério do Caju... Madrugada fria e a gente não parava de chorar... Escondidos, perambulando feito fantasmas, arrastando corrente, pelos cantos do velório… almas penadas.
Àquela hora, não havia mais ninguém na sala com o Júlio, exceto eu e
Cazuza, que, por todos os motivos do mundo, não conseguíamos parar de olhar para o caixão fechado, nem parar de chorar, nem deixar de ir ao banheiro cheirar mais, pra continuar